Page 39 - Boletim 2025 - ELF
P. 39

Lacan... na série


                  Neste ano de 2025, em que a Escola abordará a questão “O inconsciente
            ainda”, Lacan… na série trabalhará O seminário, livro 7, A ética da psicanálise
            (1959-1960) e O seminário, livro 16, De um Outro ao outro (1968-1969).
                  No seminário 7, a ênfase recai sobre o fato de que a análise, prática do
            inconsciente, é a experiência que volta a favorecer a função fecunda do desejo
            como tal. “A ponto de se poder dizer que na articulação teórica de Freud a gênese da
            dimensão moral não se enraíza em outro lugar senão no próprio desejo” (p.12). Como
            vimos no ano passado, Lacan no início do seminário recorre a Aristóteles e a Freud,
            situa topologicamente Das Ding, real inacessível e condição própria da linguagem;
            trabalha ainda o problema da sublimação e a face criacionista da pulsão de morte.
                  Durante este ano continuaremos na trilha que Lacan indica para
            adentrar as questões sobre o paradoxo do gozo: os textos de Kant e Antígona,
            tragédia grega que lhe permite articular as questões do bem e do belo ao
            desejo puro. Ética da psicanálise, ética do desejo, ética da contingência, Lacan
            segue até a formulação de uma ética da psicanálise fundamentada no real,
            fundamentada no inconsciente, encore.
                  Em De um Outro ao outro, Lacan retoma o problema da ética fazendo
            referência ao seu seminário de dez anos antes: “É nisso que o acontecimento Freud
            se mostra tão exemplar. Durante o que foi o primeiro trimestre do seminário sobre A
            ética da psicanálise, enfatizei, e com algum acento, a mudança radical resultante de
            um acontecimento que não foi outra coisa senão sua descoberta, isto é, a função
            do inconsciente. Correlativamente, Freud fez funcionar o chamado princípio do
            prazer de maneira radicalmente diversa de tudo o que se fi zera até então” (p. 187).
                  Nesse momento Lacan está em plena elaboração dos matemas dos
            discursos. A psicanálise, frente ao real da não relação sexual, a castração,
            aposta na prática material da estrutura e suas repercussões. Na formalização
            do que diz ser sua única invenção, o objeto a, este é nuançado a partir do
            mais-de-gozar, homólogo à mais-valia de Marx. Sua formalização escreve
            mais uma página no trilhamento do acontecimento Freud, e as repercussões
            da palavra no Real da substância gozante do corpo falante.
            Ana Lucia Zacharias, Bruno Netto dos Reys, Maria Cristina Vidal
            O seminário, livro 7 – A ética da psicanálise
            Início: 13 de março.
            Deborah Tenenbaum, Evelyn Disitzer, Mônica Coutinho e Tatiana Porto Campos
            O seminário, livro 16 – De um Outro ao outro
            Início: 20 de março.
            Bruno Netto dos Reys, Claudia Mayrink e Nestor Torralbas

            Quintas-feiras às 19h (semanal)

                                                                       37
   34   35   36   37   38   39   40   41   42   43   44